HABILIDADES SOCIOEMOCIONAIS QUESTÕES CONCEITUAIS E PRÁTICAS
Que competências socioemocionais precisam ser desenvolvidas? Como deve ser a formação dos professores para lidar com esse desafio? Que cuidados são necessários na avaliação? O desenvolvimento intencional de capacidades que extrapolam os conteúdos cognitivos ainda suscita muitas perguntas entre gestores e profissionais de educação.
Para encontrar respostas a essas indagações, pesquisadores, professores, empreendedores, gestores e alunos debateram questões conceituais e práticas relacionadas ao tema e construíram uma série de recomendações para orientar o trabalho com as competências socioemocionais. Que competências socioemocionais precisam ser desenvolvidas? Como deve ser a formação dos professores para lidar com esse desafio? Que cuidados são necessários na avaliação? O desenvolvimento intencional de capacidades que extrapolam os conteúdos cognitivos ainda suscita muitas perguntas entre gestores e profissionais de educação. Para encontrar respostas a essas indagações, pesquisadores, professores, empreendedores, gestores e alunos debateram questões conceituais e práticas relacionadas ao tema e construíram uma série de recomendações para orientar o trabalho com as competências socioemocionais. Veja o resultado desse diálogo e saiba como planejar políticas públicas e atividades para o cotidiano das escolas brasileiras:
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1 - Quais competências socioemocionais são mais importantes? A resposta a esta pergunta demanda uma reflexão profunda sobre as atitudes e habilidades que permitem aos indivíduos enfrentar os desafios do século 21. Assim como o Departamento de Educação de Ottawa, redes de ensino e escolas podem consultar a população local, a fim de identificar que competências socioemocionais são mais relevantes para cada contexto ou comunidade. É interessante, no entanto, que essas discussões tomem como base estudos consistentes já realizados sobre o tema, alguns dos quais listamos a seguir:
A Teoria dos Big Five organiza as competências socioemocionais em cinco dimensões: Abertura a novas experiências (tendência a ser aberto a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais); Consciência (inclinação a ser organizado, esforçado e responsável); Extroversão (orientação de interesses e energia em direção ao mundo externo, pessoas e coisas); Amabilidade (tendência a agir de modo cooperativo e não egoísta); Estabilidade Emocional (previsibilidade e consistência de reações emocionais, sem mudanças bruscas de humor).
Partners for 21st Century Skills (Parceiros para Habilidades do Século 21): A coalizão, surgida nos Estados Unidos, relaciona uma série de competências para que jovens possam ser bemsucedidos na universidade, na carreira e na vida. Algumas delas fazem parte do universo das competências socioemocionais, como as Habilidades para o Aprendizado e para a Inovação (criatividade e inovação, pensamento crítico e resolução de problemas, comunicação e colaboração) e as Habilidades para a Vida e a Carreira (flexibilidade e adaptabilidade, iniciativa e autonomia, habilidades sociais e interculturais, produtividade e capacidade de assumir compromissos, liderança e responsabilidade).
O Centro de Referências em Educação Integral também produziu referências curriculares que listam competências relacionadas ao Desenvolvimento Emocional (autoconhecimento, estabilidade emocional, resiliência, coerência, sociabilidade, abertura ao novo e responsabilidade) e ao Desenvolvimento Social (sustentabilidade econômica, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade política).
Por fim, os participantes da Série de Diálogos realizada pelo Inspirare, Porvir e Instituto Ayrton Senna também produziram uma relação prioritária de competências (autoconhecimento, amabilidade, autoconfiança, autocontrole, autonomia, comunicação interpessoal e intrapessoal, cooperação, engajamento, interesse por aprender, motivação) e de valores (amor, gratidão, gentileza, humildade, senso de justiça, respeito, solidariedade).
2 - Por que essas competências precisam ser trabalhadas?
As competências socioemocionais têm impactos positivos:
Na aprendizagem: Geram ambiente mais favorável à aprendizagem e melhores resultados dos alunos nas disciplinas curriculares tradicionais.
No desenvolvimento integral: Preparam os estudantes para estar no mundo, compreender os diferentes, ser críticos e atuantes e tomar decisões pautadas na ética. Ajudam-nos a construir seu projeto de vida e a se capacitar para o mundo do trabalho.
Na promoção de equidade: Dialogam com as necessidades da sociedade civil, mobilizam famílias e contemplam seus anseios, suprem carências de oportunidades e geram impacto nos indicadores sociais.
Na mudança cultural: Transformam o currículo e a escola, estimulam a atitude cidadã, contribuem para o desenvolvimento de uma cultura de paz.
3 - Quem deve promover o desenvolvimento das competências socioemocionais?
O desenvolvimento das competências socioemocionais depende da ação articulada de diversos agentes.
Cabe à Sociedade: Definir os valores, as atitudes e as habilidades que quer inspirar e promover junto às novas gerações.
Cabe ao Ministério da Educação e às secretarias municipais e estaduais: Orientar que competências devem ser desenvolvidas e como podem ser trabalhadas, além de formar, acompanhar e promover a troca de experiências entre escolas e profissionais da educação.
Cabe à comunidade escolar (família, diretores, coordenadores, professores, auxiliares, monitores, porteiros, merendeiras, profissionais de apoio e limpeza): Exercer diferentes papeis no desenvolvimento dessas competências, especialmente por meio do estabelecimento de relações respeitosas e construtivas com os alunos.
Cabe a psicólogos e psicopedagogos: Contribuir diretamente ou orientar a atuação de profissionais da educação. Cabe aos integrantes de comunidades de aprendizagem e cidades educadoras: Contribuir para que essas competências também sejam desenvolvidas fora da escola.
4 - Que cuidados se deve ter ao trabalhar essas competências?
Integralidade: Garantir que o trabalho com as socioemocionais não esteja dissociado, mas integrado a outros aspectos da educação, não separando cognição e emoção nos processos de aprendizagem.
Contextualização: Articular conceitos e práticas com o momento e contexto social. Foco: Ter clareza dos princípios, objetivos e caminhos que deverão nortear o desenvolvimento dessas competências, compreendendo que a ação realizada na escola não deve se confundir com o trabalho clínico e que termos e práticas da psicologia devem ser adequados ao universo e à linguagem escolar.
Flexibilidade: Permitir diferentes abordagens, não criar modelo a ser seguido ou quantificado, mas processos e ferramentas que alavanquem o desenvolvimento do indivíduo ao invés de tentar formatá-lo.
Coerência: Promover o alinhamento da escola em relação à proposta e preparar a equipe docente para que também vivencie e compreenda o processo, trabalhando primeiro o professor para depois envolver o aluno.
Potência: Focar no potencial do aluno para não incorrer no erro de percebê-lo a partir das suas dificuldades. Não gerar estigmas, nem padrões homogêneos. Valorizar a participação ativa do estudante até mesmo na construção de atividades e na definição do papel do professor.
5 - Como essas competências devem entrar na matriz curricular das redes de ensino?
Propósito: Em primeiro lugar, é preciso que se tenha clareza sobre que aluno se quer formar, para em seguida definir que competências socioemocionais precisam ser desenvolvidas.
Participação: Toda a comunidade deve compreender e participar dessa definição, por meio de consulta pública para discussão sobre o projeto de educação que se deseja perseguir, os propósitos de aprendizagem a serem alcançados e como o trabalho deve ser realizado, considerando os desejos, desafios e dificuldades dos estudantes, de suas famílias e do seu entorno.
Institucionalização: Para que tenham consequência, é fundamental que as competências socioemocionais integrem as políticas públicas de educação no nível federal, estadual e municipal, promovendo mudanças estruturais que reorientem o trabalho de gestores e profissionais desde o nível central até as unidades escolares. O Ministério da Educação e as secretarias devem produzir documentos e diretrizes orientadores, tendo como foco a integração curricular.
Transversalização: A inserção das socioemocionais no currículo deve acontecer de forma transdisciplinar, sistêmica, intencional e não apenas por meio de disciplinas ou ações disciplinares isoladas.
Especialistas: O trabalho de definição curricular deve contar com a orientação de instituições com experiência técnica no assunto.
6 - Como se deve integrar as competências socioemocionais aos conteúdos curriculares?
Princípio: As competências socioemocionais devem ser desenvolvidas a partir de metodologias focadas em causas e interesses dos alunos. É preciso que haja uma intencionalidade pedagógica, para que o processo não se torne uma abstração ou algo sem consistência.
Prática Pedagógica: O trabalho com projetos e o incentivo à realização de pesquisas sobre temas relevantes potencializam a mediação do professor e o desenvolvimento das competências socioemocionais.
Gestão: Os gestores criam um ambiente favorável para o desenvolvimento das socioemocionais quando promovem reuniões pedagógicas que contribuem para a integração, coesão e coerência da equipe escolar, a articulação das disciplinas, a coleta de evidências claras de resultados e a sistematização de experiências que podem ser utilizadas por outros professores.
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